Uso de aplicativos e redes sociais diminuem a distância entre os familiares e amigos e tornam a vida mais leve para idosos
“Aprender a fazer vídeo chamada foi uma benção de Deus neste momento de pandemia, sabe como é o coração de mãe? Precisa ver os filhos e bem”, diz Maria Aparecida Dornelas Araújo, dona de casa e moradora da pequena Aracitaba, interior de Minas Gerais.
Diante do isolamento por conta da pandemia do novo coronavírus, os idosos, principal grupo de risco da doença, tiveram de aprender a lidar com as novas tecnologias, pelo menos com os celulares e aplicativos.
“Tenho parentes em outras cidades e uma filha mora em Juiz de Fora, fico muito preocupada porque sei que esse vírus está matando muita gente”, conta dona Cida, que foi aprendeu a usar aplicativos de celular com uma das filhas.
Ela também ganhou um notebook e uma conta no Facebook. “Minha filha me ensinou o básico, mas consigo conversar com amigos de outros estados e manter contato com a família pelas redes sociais, o que é ótimo nessa fase.”
O instrutor de informática para idosos, Henrique Reimberg, destaca que a pandemia será um divisor de águas para a terceira idade. “As pessoas que vieram de uma cultura analógica têm mais dificuldade e até uma certa resistência ou mesmo um bloqueio para usar as novas tecnologias,” explica o instrutor.
As aulas para os idosos surgiram meio que ao acaso. “Comecei a dar aulas particulares para pessoas da terceira idade e um indicou o outro e assim tenho trabalhado”, conta. “A maior queixa é que nem sempre os filhos e netos estão por perto para ajudar e quando estão, eles fazem e não ensinam.”
Dessa forma, a rotina de trabalho de Henrique com os idosos é atender as necessidades de cada um. No geral, acessar a internet e usar aplicativos. Algumas coisas que são simples para quem está acostumado com a informática pode se transformar em um transtorno para os idosos como a atualização de programas.
“Eles estão acostumados a apertar um determinado botão para acessar uma função, mas a usabilidade dos programas não é pensada para este público, eles também preferem o que é tangível, o próximo”, explica o professor.
Sem contato próximo, as atividades estão suspensas porque a maioria não gosta de acompanhar as aulas ou ter um suporte online. “Eles têm preferência por estar ao lado e muitas vezes temos de convencer que é melhor usar o sistema bancário online a ficar em filas nos bancos.”
Mesmo diante da resistência, Henrique aposta que a pandemia ajudará os idosos a usar mais as ferramentas tecnológicas, principalmente para a comunicação.
O aposentado Domingos Carlos Garcia de Oliveira, 72 anos, está em casa com a esposa. Sem poder sair, elegeu o aplicativo WhatsApp como ferramenta para falar com os filhos e amigos. “Tenho um filho que mora há 16 anos na Argentina e sempre nos falamos por vídeo chamada para matar um pouco a saudade.”
Seu Domingos, como é conhecido, também conversa com os amigos também aposentados da Volkswagen, empresa onde trabalhou por quase toda a vida. Decidiu não criar contas em outras redes sociais para “não perder o dia em frente ao computador ou celular”, mas confessa que sente falta dos esportes. “Faço atividades físicas com frequência e agora no isolamento não posso jogar basquete com os meus amigos.”
Para o advogado e contador Irineu José Nogueira, de 81 anos, a pandemia não permite sair de casa, mas o trabalho continua. “Uso o computador e a internet para acessar os programas que preciso no dia a dia do meu trabalho, mas na prática, pouca coisa mudou.” Para falar com a família e com os seus clientes, Ireneu prefere usar o telefone celular e o e-mail.
Fonte: https://bit.ly/35cuMg9