Um tema em destaque na mídia, a transformação digital é comumente relacionada à evolução de empresas, e apontada como fundamental para a otimização de resultados e aumento da competitividade. Apesar deste cenário, os benefícios da adesão à transformação digital também são muito reais para governos e órgãos públicos.
Assim como empresas lutam constantemente para estabelecer processos mais eficientes e eficazes, governos também precisam lidar com recurso e mão de obra limitados. Neste sentido, temos no Brasil um número de servidores públicos que corresponde a 12,5% da força de trabalho total no país, 8,5% abaixo da média da OCDE.
Cruzando fatores como limites de gastos e a força de trabalho reduzida em comparação com a média OCDE, é possível compreender a importância dos processos eficientes na proteção dos cofres públicos. Sem o suporte digital, as operações tendem a ser muito mais lentas e burocráticas, influenciando na qualidade de serviços, gerando perda de receita e aplicação inadequada de recursos.
O Governo Federal conta atualmente com 22 Ministérios, responsáveis pela gestão de áreas como Saúde, Educação e Infraestrutura. Neste cenário complexo, a integração é fundamental para que a informação trafegue de forma ágil entre as pastas, promovendo fluidez e segurança aos serviços públicos. A digitalização cumpre um papel central para viabilizar essa operação integrada.
Com uma projeção atual de 214 milhões de habitantes, e um Produto Interno Bruto de US$ 1,445 trilhões em 2020, o Brasil opera um enorme volume de dados sobre cidadãos e seus históricos. Crédito, saúde, educação, evolução patrimonial e pagamento de impostos precisam ser bem gerenciados para uma alocação adequada de recursos públicos e, também, por segurança.
Apenas em 2021, segundo o DataPrev, dados de cidadãos foram processados para a distribuição de R$ 750 bilhões em benefícios, dos quais R$ 600 bi foram destinados a benefícios previdenciários. Neste processo, a tecnologia foi essencial para a análise de cadastros, identificando irregularidades relacionadas a normas de pacotes como o auxílio emergencial e ao Auxílio Brasil.
Com tecnologia utilizada para análise de riscos e detecção de fraudes em benefícios, realizado pelo DataPrev, o governo poupou cerca de R$ 47 bilhões. Considerando apenas cadastros irregulares e violações das normas para recebimento do Auxílio Emergencial, houve uma economia de R$ 23 bilhões.
Apesar de o acesso à Internet ainda não estar disponível a todos os brasileiros, a sua popularização e o acesso mobile têm ajudado contribuintes a acessarem serviços online, em uma nova experiência.
De acordo com o Ministério da Economia, 73% dos 4900 serviços oferecidos pelo governo já foram digitalizados e atingem 122 milhões de usuários cadastrados através da plataforma gov.br. A carteira de trabalho digital demonstra a elevação dos níveis de serviço, hoje fornecida no mesmo dia da solicitação, antes levava cerca de 17 dias para a emissão em seu modelo físico.
O Conecte SUS é outro caso de sucesso, por permitir que o cidadão tenha em seu smartphone informações relacionadas à saúde, como o Certificado Nacional de Vacinação Covid-19.
A transformação digital e a utilização inteligente da tecnologia viabilizam uma gestão integrada orientada por dados, cujo reflexo é uma oferta mais dinâmica de serviços de qualidade ao contribuinte. Os tempos dos serviços burocráticos, lentos e ineficientes definitivamente ficaram para trás, inclusive os para governos e órgãos públicos.