No início do primeiro trimestre de 2020, o Brasil vivia a euforia da transição para um novo ano enquanto se preparava para o Carnaval, afinal, muitos dizem que é quando o ano começa de fato. Dessa vez, infelizmente, amargamos um clima de Quarta-feira de Cinzas do qual não conseguimos nos libertar.
De repente foi preciso se adaptar a uma situação que não fazia sentido em um cenário globalizado, com consumo acelerado e praticamente sem fronteiras para quem desejava conhecer o mundo. A recomendação era ficar em casa para proteger vidas, e graças à tecnologia, muitos de nós conseguimos proteger também o trabalho.
Empresas se adequaram rapidamente, ainda que em diferentes níveis, ao uso dos recursos tecnológicos para manter suas equipes produzindo com o trabalho remoto. Muitos gestores, incrédulos sobre o sistema, foram forçados a observar na prática que seus negócios poderiam se manter produtivos mesmo com escritórios vazios.
Apesar de as coisas encontrarem um fluxo natural para quem aproveitou a digitalização, há outro aspecto interessante, cada funcionário também é um cidadão que demanda serviços públicos. A gestão pública já havia dado os primeiros passos rumo a digitalização de processos e serviços, contudo, há uma verdadeira jornada até a hiperconexão.
Governos tendem a se beneficiar bastante ao combinar diferentes tecnologias e ferramentas, criando plataformas para automatizar processos e atividades de TI. Esta também é uma tendência apontada pela consultoria Gartner, cuja previsão indica que nos próximos 3 anos 75% dos governos terão ao menos três iniciativas de hiperautomação lançadas ou em progresso.
Segundo informações do Governo Federal, em um ano e meio, 800 serviços públicos se tornaram acessíveis pela Internet, em um processo acelerado pela pandemia. Apenas nos meses de março a junho deste ano, mais de 200 serviços foram criados ou digitalizados, e 58% dos 3600 disponíveis no portal Gov.br já são digitais.
Além da redução da burocracia e maior eficiência, o Governo Federal prevê uma economia aproximada de R$2 bilhões por ano com a digitalização, dos quais R$1,5 bilhões são para a sociedade.
Órgãos públicos podem, ainda, colher bons frutos em sobre a ideia de ineficácia e morosidade no atendimento, uma vez que a hiperconexão leva à automação de serviços que requerem intervenção humana. Com serviços disponíveis online, prefeituras podem se tornar mais ágeis enquanto aumentam os índices de satisfação do cidadão, que é atendido sem sair de casa, por exemplo.
Os benefícios não se resumem, porém, à economia ou ao aumento da eficiência nos processos administrativos, afinal, a automação permitirá que gestores cuidem de tarefas mais relevantes. Agir para que serviços públicos atinjam a hiperconexão é uma tendência boa para a gestão pública e para o cidadão.